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Escritor e diplomata mexicano cuja actividade literária remonta à fundação da revista Barandal (1931-1932). Aliás, durante toda a sua vida, Octávio Paz esteve ligado a revistas literárias, o que de algum modo reflecte o seu pendor para a intervenção cultural: Taller (1938-1941), Cuadernos de Valle de México (1933-1934), El Hijo Pródigo (1943-1946), Plural (1971-1976), Vuelta (1976-1998).
Durante a década de 30, publicou vários livros de poesia que antologiou em A la orilla del mundo (1942), nas vésperas de partir para os EUA com uma bolsa da Fundação Guggenheim. Por essa altura, afastou-se progressivamente do marxismo inicial e tomou contacto estreito com a poesia modernista anglo-americana. Em 1945, ingressou no serviço diplomático do seu país e desempenhou em Paris a sua primeira missão. Aí conheceu e frequentou os surrealistas, cuja estética marcará, de uma forma muito serena, o seu imaginário poético. Em 1949, publicou os poemas de Libertad bajo palabra, que o autor haveria de considerar o seu «primeiro» livro, que inclui «Piedra de sol», um dos seus poemas mais longos. Logo de seguida (1950) estreou-se no ensaio com uma análise fulgurante da questão mexicana em El laberinto de la soledad (audiolivro aqui), a que seguirão muitos outros, que o tornam um dos grandes cultores do género.
Embaixador na Índia entre 1962 e 1968, além de espectador privilegiado e interessado do país e das suas culturas, delas participa através do influxo que produziram na sua poesia desse período. Abandonaria, porém, o cargo numa atitude de protesto contra o governo mexicano.
Se o amor e a natureza surgem constantemente na sua poesia, tal não o afasta de uma aguda consciência do mundo («Abro los ojos/ todavía/ estoy vivo/ en el centro/ de una herida todavía fresca.»), não escapando à antiquíssima (e hermética) «visão do universo como um sistema de correspondências» em que a linguagem surge como «duplo do universo», como ele próprio observou a propósito da relação entre poesia moderna e tradição. Profundamente mexicano e latino-americano, a sua poesia como os seus ensaios fazem apelo a uma universalidade que é a do Homem e da sua condição.
O seu humanismo — poético e político — poderia encontrar-se nos versos de «Piedra de sol» (ouvir o poema dito por Octávio Paz), segundo alguns um dos textos fundamentais da modernidade latino-americana, na procura do instante em que se pode vislumbrar «nuestra unidad perdida, el desamparo/ que es ser hombres, la gloria que es ser hombres/ y compartir el pan, el sol, la muerte, el olvidado asombro de estar vivos».
Na década de 70 conheceu a definitiva consagração através de numerosos prémios de prestígio e doutoramentos honoris causa, que distinguiram em igual medida o poeta e o homem de cultura. Em 1981 recebeu o Prémio Cervantes, em 1990 o Prémio Nobel de Literatura (ler discurso), e, em 1994, a Grã-Cruz da Legião de Honra de França.

Cidade do México, 1914 – ibid., 1998

Obras
para além das citadas no texto

Luna silvestre (poesia), 1933
Raiz del hombre (poesia), 1937
Bajo tu clara sombra y otros poemas sobre España (poesia), 1937
Entre la piedra y la flor (poesia), 1941
El arco y la lira (ensaio), 1956 (tradução brasileira)
Salamandra 1958-1961 (poesia), 1962
Los signos en rotación (ensaio), 1965
Cuadrivio (ensaio), 1965 (inclui um estudo sobre Fernando Pessoa)
Puertas al campo (ensaio), 1966
Claude Lévi-Strauss o el nuevo festín de Esopo (ensaio), 1967
Blanco (poesia), 1967
Discos visuales (poesia), 1968
Ladera Este 1962-1968 (poesia), 1969
Conjunciones y disyunciones (ensaio), 1969
Las cosas en su sitio: sobre la literatura española del siglo XX (ensaio), 1971
Topoemas (poesia), 1971
Marcel Duchamp o el castillo de la pureza (ensaio), 1973
El signo y el garabato (ensaio), 1973
Los hijos del limo (ensaio), 1974
Teatro de signos/ Transparencias (ensaio), 1974
El mono gramático (ensaio), 1974
La búsqueda del comienzo (ensaio), 1974
Vuelta (poesia), 1976
Hijos del aire (com Charles Tomlinson), 1979
El ogro filantropico: historia y politica (ensaio), 1979
Poemas 1935-1975, 1979
Sor Juana Inés de la Cruz o las trampas de la fe (ensaio), 1982
Sombras de obras e Tiempo nublado (ensaio), 1983
Hombres en su siglo y otros ensayos, 1984
Pasión critica: conversaciones con Octavio Paz, 1985
Árbol adentro 1976-1987 (poesia), 1987
La otra vez. Poesía y fin de siglo (ensaio), 1990.
As Obras Completas começaram a ser publicadas, sob a direcção do autor, em 1991.

RECURSOS
Entrevista com Octávio Paz.
Documentário (legendado em português).
Octávio Paz na 1.ª pessoa: entrevista sobre a sua vida.
Oriente e Ocidente: conversas com Octávio Paz. – 1 e 2
Poemas de Octávio Paz em tradução portuguesa.

POEMA
MOVIMIENTO

Si tú eres la yegua de ámbar
yo soy el camino de sangre
Si tú eres la primer nevada
yo soy el que enciende el brasero del alba
Si tú eres la torre de la noche
yo soy el clavo ardiendo en tu frente
Si tú eres la marea matutina
yo soy el grito del primer pájaro
Si tú eres la cesta de naranjas
yo soy el cuchillo de sol
Si tú eres el altar de piedra
yo soy la mano sacrílega
Si tú eres la tierra acostada
yo soy la caña verde
Si tú eres el salto del viento
yo soy el fuego enterrado
Si tú eres la boca del agua
yo soy la boca del musgo
Si tú eres el bosque de las nubes
yo soy el hacha que las parte
Si tú eres la ciudad profanada
yo soy la lluvia de consagración
Si tú eres la montaña amarilla
yo soy los brazos rojos del liquen
Si tú eres el sol que se levanta
yo soy el camino de sangre

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